segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Perdoai, para que Deus vos perdoe

 

CEV- 01-02-21

ESE - Cap. X – BEM AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS.[1]

Item 1, 2, 3 E 4 – Perdoai, para que Deus vos perdoe.[2]

“Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mateus, V: 7).

“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se porém, não perdoardes aos homens suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mateus, VI: 14-5).

“Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Então Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhes Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”. (Mateus, XVIII: 15; 21-22).

A misericórdia é o complemento da doçura, porque os que são misericordiosos não costumam ser benignos e pacíficos. A misericórdia consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor são próprios da alma sem elevação e sem grandeza, porque o esquecimento das ofensas é próprio das almas elevadas, que estão fora do alcance do mal que se lhes queira fazer. Uma está sempre ansiosa, é de uma sombria susceptibilidade e cheia de fel; a outra está serena, cheia de mansuetude e de caridade.

Pobre daquele que diz: Nunca perdoarei. Esse, se não for condenado pelos homens sê-lo-á por Deus. Com que direito reclamaria ele o perdão de suas próprias faltas, se não perdoa as dos outros? Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada um perdoe ao seu irmão, “não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes”.

Há porém duas maneiras bem diversas de perdoar: uma, grande, nobre, generosa, sem pensamento preconcebido, que confunde com delicadeza o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda que estes cometesse todas as faltas; a segunda, quando o ofendido, ou aquele que se julga ser, impõe ao outro condições humilhantes, e fá-lo sentir a tirania  de um perdão que vem irritá-lo em vez de o acalmar. Se estende a mão, não é por benevolência, mas por ostentação,  a fim de poder dizer a todos: Vêde quanto sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível que a reconciliação seja sincera, de uma e de outra parte. Não, isso não é generosidade, mas apenas uma maneira de satisfazer o orgulho. Em toda contenda, aquele que se mostra mais conciliador, que demonstra mais desinteresse, caridade e verdadeira grandeza de alma granjeará sempre a simpatia das pessoas imparciais.

 

PERDÃO.[3]

Como explica Huberto Rohden [...] “em todas as línguas a palavra perdoar é um composto de dar ou doar. De maneira que perdoar quer dizer doar completamente, abrir mão de si mesmo, dar ou doar ao próximo Eu a outrem; neste caso, o ofensor”. [...] (29, cap. 5).

O conceito de perdão, segundo o Espiritismo, é idêntico ao do Evangelho, que lhe é fundamento: concessão, indefinida, de oportunidade para que o ofensor se arrependa, o pecador se recomponha, o criminoso se libere do mal e erga, redimido, para a ascensão luminosa. Quem perdoa, segundo a concepção espírita-cristã, esquece a ofensa. Não conserva sentimentos. Ajuda o ofensor, muita vez sem que este saiba. (162, cap. 20).

Perdoar é esquecer todo mal, sem lembranças amargas, sem sanções, sem menosprezo, sem desdéns velados ou ostensivos...(199, Para não complicar).

[...] o perdão incondicional é a mensagem permanente do Cristo!(218, cap.20).

 

ESQUECIMENTO.[4]

[...] é a transição do ódio para o perdão. É o primeiro cautério[5] lançado à chaga viva do rancor, para a sanear e predispor à cura. [...] (87, L. 7, cap. 6).

 

O MUNDO PERDOADO.[6]

 

Tu és capaz de imaginar quão belos parecerão para ti aqueles a quem tiveres perdoado? Em nenhuma fantasia jamais viste nada tão belo. Nada do que vês aqui, dormindo ou acordado, chega perto de tamanha beleza. E coisa alguma valorizará como essa, nem nada será tão precioso. Nada do que lembras, que tenha feito o teu coração cantar com alegria, jamais te trouxe sequer uma pequena parte da felicidade que ver isso vai te trazer.[7]

 

SOMBRAS DO PASSADO.[8]

 

Perdoar é meramente lembra apenas os pensamentos amorosos que deste no passado e aqueles que te foram dados. Todo o resto tem que ser esquecido. O perdão é uma lembrança seletiva, que não se baseia na tua própria seleção. Pois as figuras feitas das sombras que queres tornar imortais são “inimigas” da realidade. Que estejas disposto a perdoar o Filho de Deus por aquilo que ele não fez. As figuras das sombras são as testemunhas que trazes contigo para demonstrar que ele fez o que não fez. Porque as trazes contigo, tu as ouvirás. E tu, que as manténs pela tua própria seleção, não compreendes como vieram à tua mente e qual é o seu propósito. Elas representam o mal que pensas que te foi feito. Tu trazes contigo somente com o fim de poderes retribuir o mal com o mal, esperando que o seu testemunho faça com sejas capaz de pensar em outra pessoa como a culpada e não ferir a ti mesmo. Elas falam com tanta clareza a favor da separação que ninguém que não estivesse obcecado em manter a separação poderia ouvi-las. Elas te oferecem as “razões” pelas quais deverias entrar em alianças não-santas para dar apoio às metas do ego e fazer dos teus relacionamentos testemunhas do poder egótico.[9]

 



[1] O LIVRO DE ALLAN KARDEC – toda obra editada em um único volume – Opus Editora Ltda – SP – O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 578.

[2] Idem, itens 1, 2, 3 e 4 - p. 578.

[3] O Espiritismo de A a Z/Coordenação de Geraldo Campetti Sobrinho, - 4ª.ed. – 5.imp. – Brasília: FEB, 2015, p. 681.

[4] Idem, p. 322.

[5] Cautério = agente químico (p.ex., nitrato de prata, neve carbônica etc.) ou físico (p.ex., bisturi elétrico) us. para extinguir lesões e cicatrizes ou para estancar sangramentos.

Um Curso em Milagres, Fundação Para Paz Interior – Instituto de Educação Espiritual – C. Postal 34047 – 22462-970 – Rio de Janeiro, RJ, 1994 – da edição em língua portuguesa, p. 373 . A primeira edição foi em 1976 – título original: A Course in Miracles.[6].

[7] Idem.

[8] Idem, pp. 375/376.

[9] Idem.

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