segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Bem-aventurados os que têm os olhos fechados

 

CEV- 30-11-20

ESE Cap.VIII – BEM AVENTURADOS OS MANSOS E PACÍFICOS.[1]

Simplicidade e Pureza de Coração Pecado por pensamento, Adultério – Verdadeira pureza e mãos não lavadas – Escândalos: cortar a mão – Instruções dos Espíritos: Deixai vir a mim os pequeninos – Bem aventurados os que têm os olhos fechados.

 

Item 20 – Bem aventurados os que têm os olhos fechados.[2]

Meus bons amigos, para que me chamastes? Para impor as mãos sobre a pobre sofredora, que aqui está, e curá-la? Oh, que sofrimento, santo Deus! Ela perdeu a vista, e fizeram-se lhes as trevas. Pobre criança! Ela que ore e espere, pois eu não sei fazer milagres sem a vontade de Deus. Todas as curas que logrei obter, e de que tendes ciência, não as atribuais senão ao Pai de todos nós. Nas vossas aflições, olhai sempre para o céu e dizei do fundo do coração “Meu Pai, cura-me, mas faze que a minha alma enferme seja curada primeiro que as doenças do corpo, e que a minha carne seja castigada, se preciso for, para que minha alma se eleve ao teu seio com a alvura com que a criaste.” Depois desta prece, que o bom Deus ouvirá sempre, a energia e a coragem vos serão concedidas, e talvez também a cura, timidamente solicitada, em recompensa da vossa abnegação.

Mas, como estou em uma assembleia onde se trata especialmente de estudos, eu vos direi que aqueles que estão privados da vista devem considerar-se bem felizes pela expiação. Lembrai-vos de que o Cristo disse era preferível arrancar o olho se fosse causa de escândalo, lançando, nem ao fogo. Quanto vivem na Terra que um dia, em trevas, maldirão haverem visto a luz! Ah, bem felizes sim, esses que , na expiação, foram privados da vista! Seus olhos, nunca serão objeto de escândalo, nem de falência. Podem viver completamente da vida da alma e verem mais do que vós, que enxergais claramente. Quando Deus me permite abrir a pálpebra de alguns desses pobres sofredores e restituir-lhes a luz, eu digo a mim mesmo: “Alma querida, por que desconheces tu as delícias do Espírito que vive da contemplação e do amor? Certo,  não pedirias para contemplar imagens menos puras e suaves do que aquelas que te foi dado entrever na tua cegueira”>

Oh, sim, bem-aventurado o cego que prefere viver com Deus! Mais ditoso do que vós, que aí vos achais, ele sente felicidade, toca-a, vê as almas e pode com elas arremessar-se às esferas celestes, que os próprios predestinados da Terra não vislumbram. Aquele que tem os olhos abertos está sempre arriscado a fazer a alma falir. O de olhos fechados, ao contrário, acha-se preparado para retornar até Deus. Crede-me, meus bons e caros amigos, a cegueira dos olhos é muitas vezes a legítima luz do coração, ao passo que a vista é não raro o guia tenebroso conducente à morte.

E agora, algumas palavras para ti, minha pobre sofredora. Espera e tem coragem. Se eu te dissesse: minha filha, teus olhos vão abrir-se, como ficarias contente! Mas, quem sabe se essa alegria não seria a tua perdição. Tem confiança em Deus, que criou a felicidade e permitiu a tristeza. Eu farei tudo quanto me seja permitido, por ti, mas, por tua vez, ora e reflete principalmente sobretudo quanto acabo de dizer-te.

Antes de partir, aceitai a minha benção, todos quantos aqui estais ( Vianney, Cura d’Ars, Paris, 1863.)

 

Nota- Quando a aflição não for a consequência dos atos da vida presente, é preciso buscar a causa em existência anterior. O que chamamos “caprichos da sorte” constituem efeitos da justiça de Deus, que não inflige punições arbitrárias: quer que entre a falta e o castigo haja sempre correlação. Sena Sua bondade, lança um véu sobre nossos atos passados, encaminha-nos, todavia, na estrada, dizendo: “Aquele que matou pela espada, morra pela espada”, palavras essas que se podem assim traduzir: “Sempre se é punido naquilo em que se pecou”. Se, portanto, alguém é afligido com a perda da vista, é que esta lhe foi causa de falência. Talvez também desse motivo para alguém perdê-la, talvez contribuísse para isso pelo excesso de trabalho imposto a outrem, ou em consequência de maus tratos, falta de cuidado, etc., por isso sofre Pena de Talião, No seu arrependimento ele mesmo poderia ter escolhido essa expiação, aplicando-se as palavras de Jesus, ao dizer que se arrancasse o olho, quando fosse causa de escândalo.

 



[1] O LIVRO DE ALLAN KARDEC – toda obra editada em um único volume – Opus Editora Ltda – SP – O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 570.

[2] Idem, item 20 - p. 574.

Nenhum comentário:

Postar um comentário