CEV- 12-11-20
ESE - Cap. XVII – SEDES PERFEITOS.[1]
Caracteres da
perfeição – O homem de bem – Os bons espíritas – Parábola do semeador –
Instruções dos Espíritos: O dever – A virtude – Superiores e inferiores –
O homem no mundo – Cuidar do corpo e do espírito.
Item
9 – Os superiores e os inferiores.[2]
A
autoridade, assim como a fortuna, é uma delegação de que terá de prestar contas
quem a recebeu. Não penseis que ela seja concedida pelo simples prazer de
mandar, nem, como cuidam falsamente os potentados da Terra, um direito, uma
propriedade. Deus há suficientemente provado não ter ela nenhuma dessas
prerrogativas, visto que a retira quando isso lhe apraz. Se fora um privilégio
imanente à pessoa, seria inalterável. Ninguém, porém, pode afirmar que lhe
pertença uma coisa, quando ela lhe pode ser apreendida sem o seu consentimento.
A autoridade Deus a concede a título de missão ou de prova; quando Lhe seja dos
desígnios, reitera-a igualmente.
Quem
quer que seja o depositário de autoridade, por muito extensa que seja, desde o
patrão sobre o empregado, até ao soberano sobre o povo, não se deve desperceber
de que tem almas a seu cargo. Responderá pela boa ou má direção que der aos seus subordinados, e as faltas que porventura
venham estes a cometer, os vícios que lhe sejam incutidos em consequência da má
direção ou dos exemplos nocivos, recairão sobre o mandante, ao passo que os
mandatários recolherão os frutos da sua solicitude para os conduzir ao bem.
Todo homem tem na Terra uma missão grande ou pequena. Qualquer que seja ela,
deve consagrá-la ao bem, e é falir o falseá-la em suas objetivações.
Se
Deus perguntar ao argentário que fez ele da fortuna, que deverá nas suas mãos
ser uma fonte de benefícios espalhados em derredor, também há de interrogar
assim ao que desempenhe qualquer autoridade:” Que uso fizeste da tua
autoridade? Que males contiveste? Que progresso realizaste? Se te confiei subordinados
não foi para os escravizareis à tua vontade, nem para fazeres deles instrumentos
dóceis aos teus caprichos, ou à tua ambição. Dei-te fortaleza e confiei-te os
fracos para os sustentares e ajudá-los a voltar para mim”.
O
superior, compenetrado destas palavras do Cristo, não despreza ninguém que
esteja abaixo dele, por saber que as distinções sociais não existem perante Deus.
O Espiritismo, ensinando que aqueles que hoje obedecem, podem haver mandado, ou
virão a mandar mais tarde, dá-lhes a perceber que serão tratados como o
houverem feito.
Se
o superior tem deveres a preencher, o inferior do seu lado não os tem menos
sagrados. Se este for espírita, melhor ainda dar-lhe-á a consciência que não
está dispensado deles, mesmo que o seu chefe não cumpra com os seus, por saber
que não deve retribuir o mal com o mal e que as faltas de uns não autorizam as
faltas dos outros. Se sofre em sua posição, sabe que é por merecê-lo, talvez
por haver outrora abusado da autoridade, cabendo-lhe experimentar o mal que
fizera aos outros. Se é forçado a sofrer nessa posição, à falta de melhor, a
doutrina ensina-lhe a resignar-se dando provas da humildade necessária ao seu
adiantamento. A sua crença guia-lhe a conduta; devendo agir como quereria que
os seus subordinados fizessem com ele, se fora chefe. Por isso mesmo, é mais
escrupuloso no cumprimento das suas obrigações, por compreender que qualquer
negligência no trabalho que lhe for confiado, converter-se-á em prejuízo de
quem o renumera, e ao qual deve o tempo e os cuidados. Em uma palavra, é
solícito em virtude do sentimento do dever originário da sua crença, e pela
certeza de que, qualquer desvio do caminho reto, representa uma dívida, que
terá de pagar cedo ou tarde. ( François – Nicolas – Madeleine, Cardeal Morlot,
Paris, 1863).[3]
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