quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

O dever

 

CEV- 03-12-20

ESE - Cap. XVII – SEDE PERFEITOS.[1]

Caracteres da perfeição O homem de bem – Os bons espíritas – Parábola do semeador – Instruções dos Espíritos: O dever – A virtude – Superiores e inferiores – O homem no mundo – Cuidar do corpo e do espírito.

Item 7 – O dever.[2]

O dever é a obrigação moral perante si mesmo e os outros. É a lei da vida, que se reconhece tanto nos menores, quanto nos mais elevados atos. Quero falar aqui apenas do dever moral, não do que é imposto pelas profissões.

Na ordem dos sentimentos, o dever é bem difícil de preencher, por se achar em antagonismo com as seduções dos interesses e do coração. As suas vitórias não têm testemunhas, nem as suas derrotas repressão. O dever principal do homem está subordinado ao livre arbítrio. O aguilhão da consciência, esse vigia da probidade interior, o adverte e sustenta, conquanto às vezes permaneça impotente diante dos sofismas das paixões. O dever do coração, fielmente observado, engradece o homem, mas como precisar esse sentimento? Onde começa e onde acaba? O dever começa precisamente no momento em que ameaçais a felicidade e a tranquilidade do vosso próximo, e termina no limite que não desejaríeis ver transposto em relação a vós mesmos.

Deus criou todos os homens iguais pela dor. Pequenos ou grandes, ignorantes ou esclarecidos, sofrem pelas mesmas causas, a fim de que cada um prejulgue retamente o mal que possa vir a fazer. Já o mesmo critério não é aplicável ao bem, infinitamente mais variado nas suas expressões. A igualdade perante a dor é uma sublime previdência de Deus, que quer que seus filhos, instruídos pela experiência comum não pratiquem o mal desculpando-se com a ignorância dos seus efeitos.

O dever é o resumo prático de todas as especulações morais. É uma bravura da alma, afrontando as angústias da luta. Austero e dúctil, pronto a curvar-se às complicações diversas, torna-se inflexível diante das tentações. O homem que cumpre com seu dever, ama a Deus mais que às criaturas e às criaturas mais que a si mesmo. É ao mesmo tempo juiz e réu da sua própria causa.

O dever é o mais belo florão da razão, nascendo dela como um filho nasce da própria mãe. O homem tem que amar o dever, não para livrar-se dos males da vida, ao quais a Humanidade não pode subtrair-se mas por lhe dar à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.

O dever cresce e irradia sob forma mais elevada nalgumas das estações superiores da Humanidade. Não finda nunca a obrigação moral da criatura para com Deus, devendo ser esta o reflexo das virtudes do Eterno, que não aceita um esboço imperfeito, mas exige que a beleza da Sua obra resplandeça diante Dele. ( Lázaro, Paris, 1863).[3]

[...] o dever respeitado e cumprido é o caminho justo para o direito de crescer com Jesus no serviço da felicidade geral. (304, cap. 18).[4]

 



[1] O LIVRO DE ALLAN KARDEC – toda obra editada em um único volume – Opus Editora Ltda – SP – O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 620.

[2] Idem, item 7 - pp. 623/624 .

[3] Idem, p. 624.

[4] O Espiritismo de A a Z/Coordenação de Geraldo Campetti Sobrinho, - 4ª.ed. – 5.imp. – Brasília: FEB, 2015, p. 200.

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