CEV- 04-03-21
ESE - Cap. XVI – NÃO SE PODE
SERVIR A DEUS E A MAMON.[1]
Salvação dos
ricos – Guardai-vos da avareza – Jesus em casa de Zaqueu – Parábola do mau rico
– Parábola dos talentos – Utilidade providencial da fortuna – Provas da riqueza
e da miséria – Desigualdade das riquezas – Instruções dos Espíritos: A verdadeira
propriedade – Emprego da riqueza – Desprendimento de bens terrenos –
Transmissão da riqueza.
Itens
9 – A verdadeira propriedade.[2]
O
homem verdadeiramente não possui senão aquilo que pode levar deste mundo. O que
ele encontra ao chegar e o que deixa ao partir, goza durante sua permanência na
Terra; mas, desde que é forçado a deixá-los, é claro que só tem o usufruto, e
não a posse real. Que é então o que possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo
o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais.
Isso o que traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe
será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste. Dele depende estar
mais rico ao partir do que ao chegar neste mundo, porque a sua posição futura
depende do que ele houver adquirido no bem. Quando um homem parte para um país
longínquo, arruma a sua bagagem com objetos de uso nesse país, e não se carrega
de coisas que lhe seriam inúteis. Fazei pois, o mesmo, em relação à vida
futura, aprovisionando-vos de tudo o que nela vos poderá servir.
Ao
viajante que chega a um hotel dá-se-lhe um bom quarto, desde que possa pagar;
ao de poucas posses, dá-se um mais modesto, enquanto aquele que nada possui
dorme no chão. Assim sucede ao homem: ao chegar ao mundo dos Espíritos sua
colocação está subordinada aos seus haveres, mas não à paga em ouro. Ninguém
lhe pergunta: quanto possuías na Terra? Que posição ocupavas? Príncipe ou
operário? Perguntasse-lhe: Que trazes? Não se lhe pedirá contas de seus bens ne
de seus títulos, mas do número de suas virtudes. Ora, sob esse aspecto, pode o
operário ser mais rico do que o príncipe. Em vão alegará que antes de partir da
Terra pagou a peso de ouro a sua entrada no outro mundo. Responder-lhe-ão: aqui
não se compram postos; estes são conquistados pelo bem que se há feito; com a
moeda terrena podes ter comprado terras, casas, palácios; mas aqui, tudo é pago
com qualidades de coração. És rico destas qualidades? Benvindo sejas; podes ir
aos primeiros lugares, onde te esperam todas as felicidades. És pobre delas?
Vai para um dos últimos, onde serás tratado de acordo com os teus haveres. (
Pascal, Genebra, 1860).[3]
PROPRIEDADE.[4]
Propriedade
legítima só é a que lhe foi adquirida sem prejuízo de outrem. (106, q. 884).
[...]
Plena é a propriedade daqueles tesouros que se juntam nos céus, que os ladrões
não roubam, nem a ferrugem e a traça consomem no ensinamento do Cristo (Mat. 6,
19).[5]
O
ANTICRISTO.[6]
O
que é um ídolo? Tu pensas que sabes? Pois ídolos não são reconhecidos como tais
e nunca são vistos pelo que realmente são. Esse é o único poder que tem. O seu
propósito é obscuro, e são temidos e adorados, porque tu não sabes para quê
servem e nem porque foram feitos. Um ídolo é uma imagem do teu irmão que
valoriza mais do que o que ele é. Ídolos
são feitos para que o teu irmão possa ser substituído, seja qual for a forma
que tomem. E é isso que não é nunca percebido e reconhecido. Seja ele um corpo
ou uma coisa, um lugar, uma situação ou uma circunstância, um objeto possuído
ou desejado, ou um direito exigido ou conseguido, é a mesma coisa.
Não
deixe que a forma dos ídolos te engane. Eles são apenas substitutos para a tua
realidade. De algum modo, tu acreditas que completarão o teu pequeno ser, dando-te
segurança em um mundo percebido como perigoso, com forças concentradas contra a
tua confiança e a paz da tua mente. Eles tem o poder de suprir o que te falta e
acrescentar o valor que tu não tens. Ninguém acredita em ídolos sem se ter
escravizado à pequenez e à perda. E assim, precisa buscar a força além de seu
pequeno ser para levantar a cabeça e se colocar à parte de toda a miséria que o
mundo reflete. Essa é a penalidade por não olhares para dentro em busca da
certeza e da calma serena que te libera do mundo, e permite que tu te coloques
à parte, em quietude e em paz.
Um
ídolo é uma falsa impressão, ou uma falsa crença, alguma forma de anticristo,
que constitui uma brecha entre o Cristo e o que tu vês. Um ídolo é um desejo,
que se faz tangível e ao qual é dado uma forma, e assim ele é percebido como
real e visto fora da mente. Entretanto, ele ainda é um pensamento e não pode
deixar a mente que é a sua fonte. Também a sua forma não está à parte da ideia
que ele representa. Todas as formas do anticristo se opõem a Cristo. E caem
diante da Sua face como um véu escuro que parece se fechar separando-te Dele e
deixando-te sozinho na escuridão. Contundo, a luz está lá. Uma nuvem não apaga
o sol. E nem um véu é capaz de banir aquilo que ele parece separar, assim como
não é capaz de escurecer nem por um milímetro a luz em si mesma.
Esse
mundo de ídolos é um véu por cima da face de Cristo, porque o seu propósito é
separar o teu irmão de ti. Um propósito escuro e amedrontador, contudo não
passa de um pensamento sem o poder de mudar uma folha de grama de uma coisa viva
em um sinal de morte. A sua forma não está em parte alguma, pois a sua fonte
habita dentro da tua mente, onde Deus não habita. Aonde é esse lugar no qual
aquilo que está em toda parte foi excluído e é mantido à parte? Que mão poderia
se levantar para bloquear o caminho de Deus? De quem é a voz que poderia exigir
que Ele não entrasse? Aquilo que se crê “mais do que tudo” não é algo capaz de
te fazer tremer e te encolher por medo. O inimigo de Cristo não está em lugar
nenhum. Ele jamais pode tomar uma forma na qual seja real.[7]
[1]
O LIVRO DE ALLAN KARDEC – toda obra editada em um único volume – Opus Editora
Ltda – SP – O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 612.
[2]
Idem, itens 7 e 8 - p. 616.
[3]
Idem, pp. 616/617.
[4]
O Espiritismo de A a Z/Coordenação de Geraldo Campetti Sobrinho, - 4ª.ed. –
5.imp. – Brasília: FEB, 2015, p. 728.
[5]
Idem.
[6]
Um Curso em Milagres, Fundação Para Paz Interior – Instituto de Educação
Espiritual – C. Postal 34047 – 22462-970 – Rio de Janeiro, RJ, 1994 – da edição
em língua portuguesa, pp. 666/667 . A primeira edição foi em 1976 – título
original: A Course in Miracles.
[7]
Idem, p. 667.
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