segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A Piedade

 

CEV- 07-09-20

ESE -  Cap. XIII – QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A DIREITA.[1]

Fazer o bem sem ostentação – Os infortúnios ocultos – O óbolo da viúva – Convidar os pobres e estropiados – Obsequiar sem esperar retribuição – Instruções dos Espíritos: A caridade material e a caridade moral – A beneficência – A piedade – Os órfãos – Benefícios pagos com ingratidão – Beneficência exclusiva.

Item 1 – 17 – A Piedade .[2]

A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos. É a irmã da caridade, que vos conduzirá a Deus. Deixai vosso coração enternecer-se perante as misérias e sofrimentos dos vossos semelhantes. As vossas lagrimas serão um bálsamo que derramareis sobre as suas feridas, e quando por terna simpatia logrardes levar-lhes a esperança e a resignação, que prazer não experimentareis então! Esse prazer traz consigo certo amargor, é verdade, pois que nasce ao lado da tristeza, mas, se não tem o travo dos gozos mundanos, também não encerra as pungentes decepções d o váculo que deixam após si. Há nele uma suavidade penetrante, que alegra a alma. A piedade, quando bem sentida, é o amor. O amor é devotamento, e o devotamento, o esquecimento de si mesmo. Esse esquecimento, essa abnegação pelos infelizes, é a virtude por excelência, a que foi praticada pelo divino messias durante toda a sua vida, e que ele ensinou na sua santa e magistral doutrina. Quando essa doutrina for reconduzida à sua primitiva pureza, e admitida por todos os povos, há de trazer à Terra a felicidade, fazendo aí reinar a concórdia, a paz e o amor.

O sentimento mais apropriado a influir no vosso progresso, dominando o orgulho e o egoísmo, o que vos dispõe à humildade, à beneficência e ao amor do próximo, é a piedade. Piedade é essa que vos comove até às entranhas diante dos padecimentos dos vossos irmãos, que vos leva a estender ternamente a mão compassiva e vos arranca lágrimas de simpatia. Não abafeis jamais em vosso coração essa celeste emoção, nem façais como os egoístas endurecidos, que fogem dos aflitos, porque a contemplação das suas existências. Nunca deveis ficar indiferentes, quando puderdes ser úteis. A tranquilidade adquirida à custa de culposa indiferença, é como a do Mar Morto, que esconde no fundo das águas a lama fétida e a corrupção.

No entanto, quão longe está a piedade de produzir a perturbação e o enfado, que causam espanto ao egoísta! Naturalmente que a alma experimenta, ao contato da infelicidade de outrem e mergulhando em si mesma, um sobressalto espontâneo e profundo, que a sacode e a afeta penosamente. Mas a compensação é grande, quando conseguis transmitir a coragem e a esperança a um irmão inditoso, que, sente a pressão de mão amiga e cujo olhar, a um tempo orvalhado de lágrimas de emoção e reconhecimento, se volta docemente vós, antes de o fixar no céu, a fim de agradecer o haver-lhe enviado um apoio consolador. A piedade é o melancólico e celeste precursor da caridade, essa primacial virtude, de que ela é irmã, e que prepara e enobrece os benefícios. (Michel, Bordéus, 1862).[3]

PIEDADE.[4]

Piedade em latim: Pietas era uma das virtudes da Roma Antiga, junto com “gravitas” e dignidade (dignitas). Piedade é normalmente traduzida como “dever” ou “devoção”, e simultaneamente sugere um dever para com as divindades e com a família – particularmente com o pai (que se estende a um dever para com comunidade e com o estado por via da analogia entre família e estado, convencional no mundo antigo – veja-se Críton de Platão). Eneias, o herói de Virgílio, encarna esta virtude e é particularmente emblemático no livro II da Eneida quando foge de Troia carregando o pai, que leva os deuses do lar, às suas costas.

Piedade: 1 Amor e respeito às coisas religiosas; devoção, religiosidade: Quando vai a igreja, ora com profunda piedade. 2 Compaixão pelo sofrimento alheio; comiseração, dó, pena: “Amo a Deus acima de todas as misérias da minha carne. Pronto! Não posso me rebaixar mais. Tenha piedade de mim!” (EV).[5]

[...] A piedade é amor, amor a Deus, amor, portanto, a próximo, porque não se pode amar ao Pai sem amar a seus filhos. E o amor desperta a compaixão, à vista do infortúnio, da desgraça alheia. (2, cap. 7)

Piedade caridade para nós mesmos. ( 100, Liberando).

A piedade é a simpatia espontânea e desinteressada que se antepõe à antipatia gratuita ou despeitosa. Ela deve induzir-vos à prática do socorro moral e material, junto daqueles que no-la despertam, sem o que se torna infrutífera. [...] a piedade sincera [...] acatemo-la como força da renovação das almas e luz interior da verdadeira vida, eternizada por Deus. (307, cap. 96).[6]

[...] A mente que não perdoa é cheia de medo e não oferece espaço ao amor para ser ele mesmo, nenhum lugar onde ele possa estender suas asas em paz e elevar-se acima do tumulto do mundo. A mente que não perdoa é triste, sem esperança de descanso e de liberar-se da dor. Ela sofre e habita na miséria, espreitando a escuridão sem ver, mas certa do perigo que lá ronda.[7]

GÊNESE – Cap. XI – item – 2.[8]

Mas, ao mesmo tempo que o Espírito recobra a consciência de si próprio, esquece a lembrança de seu passado, sem perder as faculdades, qualidades e aptidões adquiridas anteriormente, aptidões que momentaneamente ficam em estado latente, e que, readquirida a sua atividade, vão ajuda-lo a fazer mais e melhor do que precedentemente fizera; renasce do ponto em que deixou seu progresso anterior; é um novo ponto de partida. Um novo degrau a galgar. Aqui ainda se manifesta a bondade do Criador, porque a lembrança de um passado muitas vezes penoso e humilhante, acumulando-se às amaritudes de nova existência, poderia perturbá-lo e embaraçá-lo; só se lembra do que aprendeu por lhe ser útil. Se uma ou outra vez conserva uma vaga intuição dos acontecimentos passados; é apenas como lembrança de um sonho fugidio. É, por conseguinte, um homem novo, por mais antigo que seja o seu Espírito, e então entrega-se a novos procedimentos, auxiliado com os conhecimentos já adquiridos. Quando de novo volta à vida espiritual, o seu passado se descortina diante de seus olhos, e então pode julgar se empregou mal ou bem  o seu tempo.[9]



[1] O LIVRO DE ALLAN KARDEC – toda obra editada em um único volume – Opus Editora Ltda – SP – O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 595.

[2] Idem, item 17 – p. 602.

[3] Idem, pp. 602/604.

[4] https://pt.wikipedia.org/wiki/Piedade_(virtude)

[5] https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/piedade

[6] O Espiritismo de A a Z/Coordenação de Geraldo Campetti Sobrinho, - 4ª.ed. – 5.imp. – Brasília: FEB, 2015, p. 698.

[7] Um Curso em Milagres, Fundação Para Paz Interior – Instituto de Educação Espiritual – C. Postal 34047 – 22462-970 – Rio de Janeiro, RJ, 1994 – da edição em língua portuguesa, p. 225. A primeira edição foi em 1976 – título original: A Course in Miracles.

 [8] O LIVRO DE ALLAN KARDEC – toda obra editada em um único volume – Opus Editora Ltda – SP – Cap. XI, Gênese Orgânica, item, 20, p. 965.

[9] Idem, pp. 965/966.

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