CEV- 07-09-20
ESE - Cap. XIII – QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O
QUE FAZ A DIREITA.[1]
Fazer o bem
sem ostentação – Os infortúnios ocultos – O óbolo da viúva – Convidar os pobres
e estropiados – Obsequiar sem esperar retribuição – Instruções dos Espíritos: A
caridade material e a caridade moral – A beneficência – A piedade – Os órfãos
– Benefícios pagos com ingratidão – Beneficência exclusiva.
Item
1 – 17 – A Piedade .[2]
A
piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos. É a irmã da caridade, que
vos conduzirá a Deus. Deixai vosso coração enternecer-se perante as misérias e
sofrimentos dos vossos semelhantes. As vossas lagrimas serão um bálsamo que
derramareis sobre as suas feridas, e quando por terna simpatia logrardes levar-lhes
a esperança e a resignação, que prazer não experimentareis então! Esse prazer
traz consigo certo amargor, é verdade, pois que nasce ao lado da tristeza, mas,
se não tem o travo dos gozos mundanos, também não encerra as pungentes
decepções d o váculo que deixam após si. Há nele uma suavidade penetrante, que
alegra a alma. A piedade, quando bem sentida, é o amor. O amor é
devotamento, e o devotamento, o esquecimento de si mesmo. Esse esquecimento,
essa abnegação pelos infelizes, é a virtude por excelência, a que foi praticada
pelo divino messias durante toda a sua vida, e que ele ensinou na sua santa e
magistral doutrina. Quando essa doutrina for reconduzida à sua primitiva pureza,
e admitida por todos os povos, há de trazer à Terra a felicidade, fazendo aí
reinar a concórdia, a paz e o amor.
O
sentimento mais apropriado a influir no vosso progresso, dominando o orgulho e
o egoísmo, o que vos dispõe à humildade, à beneficência e ao amor do próximo, é
a piedade. Piedade é essa que vos comove até às entranhas diante dos
padecimentos dos vossos irmãos, que vos leva a estender ternamente a mão compassiva
e vos arranca lágrimas de simpatia. Não abafeis jamais em vosso coração essa
celeste emoção, nem façais como os egoístas endurecidos, que fogem dos aflitos,
porque a contemplação das suas existências. Nunca deveis ficar indiferentes,
quando puderdes ser úteis. A tranquilidade adquirida à custa de culposa
indiferença, é como a do Mar Morto, que esconde no fundo das águas a lama
fétida e a corrupção.
No
entanto, quão longe está a piedade de produzir a perturbação e o enfado, que
causam espanto ao egoísta! Naturalmente que a alma experimenta, ao contato da
infelicidade de outrem e mergulhando em si mesma, um sobressalto espontâneo e profundo,
que a sacode e a afeta penosamente. Mas a compensação é grande, quando
conseguis transmitir a coragem e a esperança a um irmão inditoso, que, sente a
pressão de mão amiga e cujo olhar, a um tempo orvalhado de lágrimas de emoção e
reconhecimento, se volta docemente vós, antes de o fixar no céu, a fim de agradecer
o haver-lhe enviado um apoio consolador. A piedade é o melancólico e celeste precursor
da caridade, essa primacial virtude, de que ela é irmã, e que prepara e
enobrece os benefícios. (Michel, Bordéus, 1862).[3]
PIEDADE.[4]
Piedade
em latim: Pietas era uma das virtudes da Roma Antiga, junto com “gravitas” e
dignidade (dignitas). Piedade é normalmente traduzida como “dever” ou “devoção”,
e simultaneamente sugere um dever para com as divindades e com a família – particularmente
com o pai (que se estende a um dever para com comunidade e com o estado por via
da analogia entre família e estado, convencional no mundo antigo – veja-se Críton
de Platão). Eneias, o herói de Virgílio, encarna esta virtude e é particularmente
emblemático no livro II da Eneida quando foge de Troia carregando o pai, que
leva os deuses do lar, às suas costas.
Piedade:
1 Amor e respeito às coisas religiosas; devoção, religiosidade: Quando vai
a igreja, ora com profunda piedade. 2 Compaixão pelo sofrimento alheio;
comiseração, dó, pena: “Amo a Deus acima de todas as misérias da minha
carne. Pronto! Não posso me rebaixar mais. Tenha piedade de mim!” (EV).[5]
[...]
A piedade é amor, amor a Deus, amor, portanto, a próximo, porque não se pode
amar ao Pai sem amar a seus filhos. E o amor desperta a compaixão, à vista do
infortúnio, da desgraça alheia. (2, cap. 7)
Piedade
caridade para nós mesmos. ( 100, Liberando).
A
piedade é a simpatia espontânea e desinteressada que se antepõe à antipatia gratuita
ou despeitosa. Ela deve induzir-vos à prática do socorro moral e material,
junto daqueles que no-la despertam, sem o que se torna infrutífera. [...] a
piedade sincera [...] acatemo-la como força da renovação das almas e luz
interior da verdadeira vida, eternizada por Deus. (307, cap. 96).[6]
[...]
A mente que não perdoa é cheia de medo e não oferece espaço ao amor para ser
ele mesmo, nenhum lugar onde ele possa estender suas asas em paz e elevar-se
acima do tumulto do mundo. A mente que não perdoa é triste, sem esperança de
descanso e de liberar-se da dor. Ela sofre e habita na miséria, espreitando a
escuridão sem ver, mas certa do perigo que lá ronda.[7]
GÊNESE – Cap. XI – item – 2.[8]
Mas, ao mesmo tempo que o Espírito recobra a consciência de si próprio, esquece a lembrança de seu passado, sem perder as faculdades, qualidades e aptidões adquiridas anteriormente, aptidões que momentaneamente ficam em estado latente, e que, readquirida a sua atividade, vão ajuda-lo a fazer mais e melhor do que precedentemente fizera; renasce do ponto em que deixou seu progresso anterior; é um novo ponto de partida. Um novo degrau a galgar. Aqui ainda se manifesta a bondade do Criador, porque a lembrança de um passado muitas vezes penoso e humilhante, acumulando-se às amaritudes de nova existência, poderia perturbá-lo e embaraçá-lo; só se lembra do que aprendeu por lhe ser útil. Se uma ou outra vez conserva uma vaga intuição dos acontecimentos passados; é apenas como lembrança de um sonho fugidio. É, por conseguinte, um homem novo, por mais antigo que seja o seu Espírito, e então entrega-se a novos procedimentos, auxiliado com os conhecimentos já adquiridos. Quando de novo volta à vida espiritual, o seu passado se descortina diante de seus olhos, e então pode julgar se empregou mal ou bem o seu tempo.[9]
[1]
O LIVRO DE ALLAN KARDEC – toda obra editada em um único volume – Opus Editora
Ltda – SP – O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 595.
[2]
Idem, item 17 – p. 602.
[3]
Idem, pp. 602/604.
[4]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Piedade_(virtude)
[5]
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/piedade
[6]
O Espiritismo de A a Z/Coordenação de Geraldo Campetti Sobrinho, - 4ª.ed. –
5.imp. – Brasília: FEB, 2015, p. 698.
[7]
Um Curso em Milagres, Fundação Para Paz Interior – Instituto de Educação
Espiritual – C. Postal 34047 – 22462-970 – Rio de Janeiro, RJ, 1994 – da edição
em língua portuguesa, p. 225. A primeira edição foi em 1976 – título original: A
Course in Miracles.
[9]
Idem, pp. 965/966.
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