quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Esquecimento do passado

 

CEV- 08-10-20

ESE -  Cap. V – BEM AVENTURADOS OS AFLITOS.[1]

Justiça das aflições – Causas atuais das aflições – Causas anteriores das aflições – Esquecimento do passado – Motivos da resignação – O suicídio e a loucura – Instruções dos Espíritos: Bem sofrer e mal sofrer – O mal e o remédio – A felicidade não é deste mundo – Perda de pessoas amadas e mortes prematuras – Um homem de bem teria morrido – Os tormentos voluntários – A verdadeira desgraça – A melancolia – Provas voluntárias e verdadeiro cilício – Deve-se por um termo às provações do próximo? – Dever-se-á abreviar a vida de um doente sem esperança de cura? – Sacrifício da própria vida – Proveito dos sofrimentos por outrem.

 

Item 11 – Esquecimento do passado.[2]

Inutilmente se argumenta que o esquecimento do passado é obstáculo a que se possa aproveitar a experiência das existências anteriores. Se Deus julgou necessário lançar um véu sobre o passado, é que isso devia ser útil. De fato, essa reminiscência teria inconvenientes muito graves; poderia em certos casos humilhar-nos consideravelmente, ou então exaltar-nos o orgulho, e por isso mesmo entravar o nosso livre arbítrio. De qualquer modo, causaria perturbações inevitáveis nas relações sociais.

Com frequência, o Espírito renasce no mesmo meio onde viveu e se encontra em relação com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhe haja feito. Se nelas reconhecesse as que antes odiaria, talvez o ódio despertasse; de qualquer modo ver-se-ia humilhado perante aqueles a quem houvesse ofendido.

O home traz ao nascer aquilo que ele adquiriu, e vem conforme preparou. Cada existência é-lhe um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi. Se for punido, pelo mal que fez. Suas atuais tendências más indicam aquilo que deve ser corrigido, sobre  que deve concentrar toda a atenção, porque aquilo que foi corrigido completamente não deixa rastro. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, que o adverte do que é bom e do que é mau e lhe dá força para resistir às más tentações.

Além disso há o esquecimento, apenas durante a vida corporal. Entretanto na vida espiritual, o Espírito recobra a lembrança do passado. Trata-se, portanto, apenas de uma interrupção momentânea, como a que temos na própria vida terrena, durante o sono, e que não nos impede de lembrar, no outro dia, o que fizemos na véspera e nos dias anteriores.

 Não é somente depois da morte que o Espírito recobra a lembrança do passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, com a experiência o demonstra, mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores, sabe por que sofre e que sofre com justiça. A lembrança unicamente se apaga no curso da vida exterior, da vida de relação; A falta de uma lembrança precisa, que poderia ser-lhe penosa e prejudicial às suas relações sociais, permite-lhe haurir novas forças nesses momentos de emancipação da alma, se ele souber aproveitá-los.

 



[1] O LIVRO DE ALLAN KARDEC – toda obra editada em um único volume – Opus Editora Ltda – SP – O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 550.

[2] Idem, item 11 - p. 552/553.

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